Eu normalmente separo este tipo de iscos em dois: os animais e os vegetais. Penso sempre que, na pesca deviamos analizar o que comem os peixes quando nós não lhes damos de comer. Existem na natureza centenas de milhar de iscos que por comodidade, não se utilizam nos dias de hoje. Porém foram muito utilizados pelos nossos avôs com grandes satisfações.
ISCOS ANIMAIS:
O CARACOL - para quém já utilizou, saberá entender-me, para mim não há melhor isco para capturar um grande barbo ou carpa que um simples caracol, fácil de conseguir e simples de iscar. Claro está que devemos utilizar este isco, na época apropriada. O primeiro punto é verificar quando é que os peixes têm acesso a este tipo de alimento? Salvo raras ocasiões em que o caracol caí à água por qualquer acidente não é normal que ele lá esteja. Portanto devemos pensar em factores que poderiam levar os caracóis à água. Tempo de chuva, enchurradas, ribeiras ou rios que desbordam; esse é o momento idóneo para este isco. E os peixes sabem perfeitamente que nesse época existe um alimento mais no menú. Porque a natureza é sábia, (nós nem por isso) porque não parámos de inventar iscos para pescar quando eles já existem. O caracol deve ser iscado inteiro (com casca) intruduzindo o anzol no interior do mesmo, convém utilizar anzóis de pata larga. Qualquer barbo ou carpa de boas dimensões partirá com facilidade a casca do caracol. Em Andalucía (Espanha) os pescadores utilizam este maravilhoso isco para pescar douradas!!! Sim; disse douradas, embora seja um isco tipíco de água doce, algum dia um "iluminado" decidiu iscar um caracol e o resultado foi uma dourada, hoje em dia é a coisa mais natural do mundo por essa zona ver como algum pescador isca um caracol para pescar douradas.
A LESMA - que repugnante, pensarão alguns!! No entanto os peixes não pensam assim, há séculos que a lesma faz parte da sua dieta. Com a lesma acontece o mesmo que com o caracol, exactamente a mesma época, durante a época de chuvas. A técnica mais eficaz é sem dúvida a chumbadinha, e deixar o isco descender suavemente pelo leito do río ou ribeira como se fosse arrastado pela corrente. Este tipo de isco sempre será aceite pelo peixe de um forma natural, pois estão habituados a comer estes alimentos, as picadas serão francas, decididas e a nossa adrenalina subirá como um foguete. A lesma deve ser iscada pela base girando o anzol no seu interior e extraindo a ponta pela parte posterior da lesma de forma a evitar que se prenda em qualquer obstáculo.
A LIBÉLULA - quem não teve a sorte de ver um achigã saltar fora de água para capturar uma libélula, não imagina o espetáculo visual que é. Este pequeno insecto é um verdadeiro manjar para o nosso amigo. A libélula deve ser utilizada na pesca da mesma maneira que a natureza a ofrece aos predadores, viva!! Qualquer peixe que veja uma pobre libélula a bater as suas asas desesperadamente na superfice, não hesitará. Um pequeno truco que eu utilizo é levar comigo uma bisnaga de supercola, basta uma gota na pata do anzol, para aderir sem problemas a libélula, o seu peso é suficiente para fazer um bom lance, mas se queremos lançar mais longe é só utilizar uma bóia de água, no entanto não aconselho muito esta técnica pois normalmente assusta o peixe.
O GRILO - somente encontro uma palavra para descrever este isco, fabuloso!!! Esse bichinho que muitas vezes não nos deixa dormir com o seu cântigo de acasalamento. É outro dos iscos que nos dará grandes capturas e sem gastar um cêntimo. Isca-se como a libélula com uma pequena gota de cola e a técnica de pesca é a mesma, claro que a imaginação não têm límites e que cada pescador o utilizará à sua maneira. Para capturar os grilos é tão fácil como utilizar uma garrafa de água de plástico, intruduzir na garrafa uma ou duas folhas de alface, fazer um buraco no chão de qualquer jardim e introduzir a garrafa de forma a que a boca fique ao mesmo nível do chão no dia seguinte (se ouver grilos na zona) de certeza que haverá capturas suficiente para uma jornada de pesca.
A MINHOCA DA TERRA - REGRESSO ÀS ORIGENS
ISCOS VEGETAIS:
O FIGO - só de pensar neles alguns de nós ficamos com a boca em água. E se nós gostamos porque não os peixes?? Talvez já tenham reparado naquelas figueiras ali ao lado do rio ou lago, cujas ramas roçam timídamente a água. Imaginem a quantidade de peixes que espera ansiosos o momento da madurez, em que o figo cai para esse liquido elemento. Essa época é extraordinária para pescar com figos, todo o peixe que habita essa zona está habituado a comer figos, como algo natural, jamáis duvidará se é ou não um alimento!! O figo devido ao seu tamanho normalmente corta-se pela metade ou em quatro partes para poder iscar, aguenta muito bem no anzol e permite lances a larga distância. É um isco sublime especialmente em zonas donde abundem as figueiras, mas em qualquer outra zona de rio ou lago, é igualmente efectivo. Pois a famosa memória genética dos peixes vai reconhecer este isco como alimento mesmo que o peixe nunca o tenha visto antes.
Nota do autor: Lembrem-se; os peixes não mudaram os seus hábitos de alimentação, nós é que mudamos a forma de os pescar.
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